S: A Anabela é um dos nomes da música portuguesa que tem sucesso?
A: Tenho tido muita sorte, além do talento e de muito trabalho. Portugal é um país pequeno, há muitos artistas e por isso é complicado encontrar uma editora e ter trabalho. Há cada vez menos concertos porque há cada vez menos dinheiro. Eu não tenho assim um número excessivo de concertos, mas t
enho conseguido sobreviver neste meio fazendo coisas de que gosto muito.
S: Começou a cantar aos oito anos, gravou o primeiro single aos nove e o “Nós” é o sétimo disco. Mas o que marcou a sua carreira foi o Festival Eurovisão da Canção…
A: É verdade. Foi o que me catapultou para o conhecimento do grande público, até a nível internacional. Eu era fã do Festival, assistia a todos e sempre quis ir, mas como só se podia concorrer aos 16 anos estive muitos anos à espera que a idade chegasse. O ter participado já foi uma grande vitória, depois ganhar o Festival foi um grande sonho concretizado e de repente ainda me tornei conhecida. Toda a gente me cumprimentava, pois o festival tinha um grande peso.
S: A representação é a segunda paixão?
A: Desde pequena que representava em casa, mas deixei esse sonho porque comecei a cantar. Foi pela mão do Filipe La Féria, quando tinha 17 anos, que comecei a desenvolver a representação. Os musicais são a arte mais completa e que mais me preenche, pois juntam a representação, cantar e dançar. São as minhas duas paixões.
S: Mas se tivesse de escolher entre as duas como aconteceu agora, deixou de fazer o musical do Filipe La Féria para se dedicar ao “Nós”…
A: Eu tenho conseguido conciliar as duas coisas sempre, mas desta vez o sr. Filipe La Féria não cumpriu o acordo. O que estava combinado era que eu teria uma substituta no musical “Fado- História de um Povo”, mas depois o sr. La Féria decidiu que queria que a Anabela estivesse a cem por cento, então não pude fazê-lo, pois tinha compromissos que não podia falhar com este novo álbum. Não podia abandonar o meu disco.
S: A Anabela é considerada uma espécie de musa de Filipe La Féria…
A: Não sei se sou, sei é que tenho feito coisas extraordinárias com o Filipe. Tenho tido sorte em fazer grandes papéis, que marcaram a minha vida, e espero continuar a fazer. Eu aprendi muito com o Filipe La Féria, com o teatro, agora houve apenas uma incompatibilidade de agendas, não há nenhuma chatice ou zanga. Outros projectos com o La Féria virão.
S: Formou-se em psicologia, mas nunca exerceu…
A: É verdade. Fiz questão de tirar o curso porque desde pequena que gostava de observar pessoas, mas nunca trabalhei nessa área. Agora estou a tirar o mestrado para quem sabe um dia trabalhar na área dos actores, dos artistas. É uma aprendizagem e serve para outras coisas.
S: O que lhe falta fazer?
A: Gostava apenas de fazer muito teatro e dar muitos concertos. Agora, com o “Nós”, quero dar a conhecer às novas gerações as grandes músicas portuguesas com uns arranjos mais actuais. Acho que este disco vai funcionar muito bem ao vivo.
S: A carreira está à frente da vida pessoal?
A: Sou dedicada a ambas, pois para estar bem no trabalho tenho de investir na minha vida pessoal. Eu procuro entregar-me aos dois lados, porque preciso, como de pão para boca, de estar feliz no lado pessoal para se rever isso no meu trabalho.
S: Sente-se realizada?
A: Estou muito feliz com esta nova fase da minha vida, com a minha idade, com este novo projecto. Estou com muita força para trabalhar, para viver."